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história das copas

História das Copas do Mundo








     De quatro em quatro anos, seleções de futebol de diversos países do mundo se reúnem para disputar a Copa do Mundo de Futebol.
     A competição foi criada pelo francês Jules Rimet, em 1928, após ter assumido o comando da instituição mais importante do futebol mundial: a FIFA ( Federation International Football Association).






Uruguai 1930


A Copa sul americana

O Uruguai é palco da primeira Copa do Mundo no centenário da sua independência e conquista o título com a goleada de 4-2 sobre a rival Argentina. As grandes seleções europeias ignoram o torneio e os sul americanos dominam a cena. O Brasil, cotado entre os favoritos, fez uma das piores campanhas da sua história devido a uma briga entre cartolas.


Europeus ficam em casa


Desde 1904, ano da fundação da FIFA, a entidade desejava realizar um Mundial de futebol independente das Olimpíadas. O projeto começou a virar realidade 25 anos depois com o incentivo do francês Jules Fontaine, então presidente da entidade.


Em 1929, no congresso de Barcelona (Espanha), Itália e Uruguai disputaram o privilégio de sediar a primeira Copa do Mundo. As duas medalhas olímpicas do sul-americano (1924-1928) pesaram a favor da sua escolha. Mais que isso, o governo uruguaio pretendia celebrar os 100 anos da independência do país com um evento de repercussão mundial, e se comprometeu a bancar todas as despesas do torneio.


Os europeus não gostaram da escolha e praticamente ignoraram a Copa uruguaia. Houve boicote da Itália devido à rejeição da sua candidatura. Potências como Áustria, Hungria e Tchecoslováquia alegaram falta de recursos para a travessia de 3 mil kilômetros até a América do Sul. Alemanha e Espanha também ficaram de fora. Apenas Bélgica, França, Iugoslávia e Romênia aceitaram representar a Europa em meio a nove equipes das Américas.


Com a ausência das principais seleções, o Uruguai trilhou um caminho fácil até a decisão contra a rival Argentina. E no dia 30 de Junho, na capital Montevidéu, a goleada de 4 a 2 garantiu aos uruguaios o título que, nas décadas seguintes, se tornaria a maior glória do futebol mundial.


Mesmo com a baixa adesão, duas seleções europeias fizeram boa campanha. A Iugoslávia chegou à semifinal depois de vencer Brasil e Bolívia. A França, apesar de desclassificada na fase de grupos, fez uma partida equilibrada contra a Argentina, mas acabou derrotada por 1 a 0. Além disso, seu volante Lucien Laurent entrou para a história ao marcar o primeiro gol das Copas no jogo de abertura contra o México.


Já a seleção brasileira fez uma das campanhas mais fracas da sua história. Uma briga entre cartolas cariocas e paulistas excluiu do elenco craques como Friedenreich e Feitiço, que tiveram carreiras vencedoras no futebol de São Paulo. A derrota para a Iugoslávia por 2 a 1 na estreia foi o suficiente para tirar o Brasil da segunda fase.


Duas vezes Uruguai


As semifinais foram um show à parte dos sul americanos. A Argentina, depois de passar por França, México e Chile na fase de grupos massacrou uma seleção norte-americana repleta de jogadores naturalizados por 6 a 1. O Uruguai, que abriu caminho para o mata-mata com as vitórias sobre Peru e Romênia, derrotou a Iugoslávia por um placar idêntico.


Com Uruguai e Argentina classificados, a final da primeira Copa do Mundo foi uma repetição da disputa do ouro nas Olimpíadas de 1928. O palco foi um Estádio Centenário lotado por 93 mil torcedores. Os visitantes abriram uma vantagem de 2 a 1 no primeiro tempo, desenhando o que parecia ser uma revanche argentina. Mas na segunda etapa, o time da casa virou o placar com jogadas sensacionais e fechou a goleada em 4 a 2.

Seleção do Uruguai de 1930


Campeão: Uruguai

Vice: Argentina

3º lugar: EUA


4º lugar: Iugoslávia

Artilheiro: Guillermo Stabile (ARG) Seleções: 13

Abertura: 13 de julho de 1930

Encerramento: 30 de Julho 1930

Jogos: 18

Gols: 70 (média de 3,9 por jogo)

Público: 434.500 (média de 24.138 por jogo)




Itália 1934




O fascismo entra em campo

Com o avanço do fascismo, a Copa vira instrumento de propaganda política nas mãos do ditador italiano Benito Mussolini. Sobram suspeitas de fraude para favorecer o time da casa, que superou as fortes seleções da Espanha e da Áustria e conquistou o título com a virada de 2-1 sobre a Tchecoslováquia. O Brasil repete o fiasco de 1930 e não passa da primeira fase.

Mundial cresce, mas vira arma política

A Copa italiana teve dimensões muito maiores que o Mundial do Uruguai. Trinta e duas seleções se inscreveram, levando a FIFA a organizar as primeiras eliminatórias. O formato também mudou. A fase de grupos desapareceu e as 16 equipes classificadas disputaram mata-matas desde a rodada inicial.

Ao contrário da Copa de 30, o torneio teve a participação das principais seleções europeias, o que melhorou o seu nível tático e técnico. Espanha, Áustria e Tchecoslováquia competiram de igual para igual com o time da casa, que acabou levantando a taça. O campeonato só não foi melhor porque o Uruguai se recusou a defender o seu título. Retaliava, dessa forma, os europeus, que praticamente ignoraram o Mundial de 30.


Mas não foi o bom futebol e o equilíbrio entre as equipes a principal marca da Copa de 34. Consciente da popularidade do esporte entre os italianos, o ditador Benito Mussolini usou o torneio para fortalecer o regime fascista. Para que a estratégia funcionasse, Il Duce "exigia" a vitória da seleção local a qualquer custo.


Além do reforço de cinco jogadores sul-americanos (os argentinos DeMaria, Guaita, Orsi, Monti e o brasileiro Filó, ex-Corinthians), há fortes suspeitas de que a Azurra contou com favorecimento da arbitragem em sua campanha vencedora.


Mesmo assim, os tchecos quase estragaram a festa de Mussolini. Na final, abriram vantagem a poucos minutos do encerramento da partida. Mas, para o alívio dos fanáticos torcedores italianos, Orsi e Schiavio viraram o placar.


Wunderteam


As quartas-de-final foram completamente dominadas pelos europeus. Brasil, Argentina e EUA (os únicos representantes da América), e Egito, viajaram com seleções fracas e voltaram para casa após perderem o jogo de abertura.


Apesar do apoio massivo da torcida, a Itália não teve vida fácil no torneio. Depois de massacrar os norte-americanos por 7 a 1, precisou de dois jogos (em menos de 24 horas) para derrotar a poderosa seleção espanhola nas quartas-de-final.


Na semifinal, pegou o Wunderteam austríaco, confronto que representava, para muitos, uma decisão antecipada do título. Mas em vez de bom futebol, os 60 mil torcedores assistiram a um jogo defensivo no estádio San Siro. O gol de Guaita, aos 19 minutos, garantiu a Itália na decisão.


Sua adversária foi a Tchecoslováquia, que depois de vitórias apertadas contra Romênia e Suíça atropelou a Alemanha na semifinal. Nejedly, artilheiro da competição com cinco gols, marcou três vezes naquela partida.


Orsi e Schiavio brilham


No dia 10 de Junho, a decisão da segunda Copa do Mundo reuniu 50 mil torcedores no Estádio do Partido Nacional Fascista, em Roma. Mussolini assistia à partida das tribunas de honra, e já havia paralisado a capital italiana com uma festa de comemoração antecipada do título.


Mas, a 14 minutos do encerramento da partida é o tcheco Antonin Puc quem abre o placar. A reação italiana veio dez minutos depois com um tiro de Orsi. Na prorrogação, os tchecos não conseguiram igualar o condicionamento físico da Azurra. Logo no começo do primeiro tempo Schiavio desvia de cabeça um cruzamento de Meazza e estufa a rede do goleiro Planicka. Com 2 a 1 no placar, a Itália conquista sua primeira Copa do Mundo.

Seleção da Itália de 1934

Campeão: Itália




Vice: Tchecoslováquia


3º lugar: Alemanha


4º lugar: Áustria


Artilheiro: Oldrich Nejedly (TCH) Seleções: 16


Abertura: 27 de maio de 1934


Encerramento: 10 de Junho de 1934


Jogos: 17


Gols: 70 (média de 4,1 por jogo)


Público: 358.000 (média de 21.058 por jogo)


França 1938




 
 A última Copa antes da Guerra


Batalhas nos gramados antecipam a barbárie da Segunda Guerra, que já se anunciava no cenário político europeu. Na final, a Itália conquista um merecido bicampeonato com a goleada de 4-2 sobre a Hungria. O Brasil chega em 3º lugar e empolga os torcedores com o talento de Leônidas da Silva, artilheiro da Copa com sete gols.


Vitória debaixo de vaias


Com a Europa à beira da Segunda Guerra (1939-1945), o presidente da FIFA, Jules Rimet, fez questão de levar a terceira Copa do Mundo para a França, seu país de origem. O torneio era uma tentativa de amenizar o clima de guerra, mas o que se viu foi o acirramento das hostilidades entre fascistas e democratas.


A Itália era a grande favorita. Havia conquistado o mundial de 34 e a Olimpíada de 36. Mas era também a grande representante do fascismo. Na partida de estreia contra a Noruega, em Marselha, os italianos ergueram o braço em saudação a Mussolini frente a um público de 10 mil franceses. Receberam uma enxurrada de vaias que os acompanharia por todos os seus jogos no Mundial.


Mesmo com as hostilidades da torcida francesa, a Itália apresentou o melhor futebol do torneio e conquistou o bicampeonato. Foi a consagração do técnico Vittorio Pozzo, o único a vencer dois Mundiais consecutivos com a mesma equipe.


Leônidas embala torcida europeia


A primeira Copa francesa teve ausências marcantes. Uruguai e Argentina boicotaram o torneio, enquanto Espanha e Áustria, envolvidas em conflitos militares, não puderam participar. Apesar do clima bélico, 35 federações disputaram as 14 vagas do Mundial. França e Itália, o país-sede e a última campeã, se classificaram automaticamente.


O Brasil finalmente apresentou uma equipe à altura do seu futebol e foi uma das grandes sensações da Copa. O talento de Leônidas da Silva, o criador da "bicicleta", encantou a torcida europeia. Contra a Polônia, o atacante fez uma de suas partidas mais brilhantes. Marcou quatro gols, um deles descalço, enquanto consertavam sua chuteira fora do campo. O Brasil venceu por 6 a 5, na prorrogação, e pela primeira vez avançava às quartas-de-final.


A adversária foi a Tchecoslováquia, com quem a seleção protagonizou a partida mais violenta do torneio. A "Batalha de Bordeaux", como o jogo ficou conhecido, terminou em 1 a 1. No jogo desempate, o Brasil venceu os tchecos por 2 a 1 com gols de Leônidas.


Rumo ao título, a Itália eliminou a França nas quartas-de-final por 3 a 1. Como provocação à torcida francesa, o time de Mussolini entrou em campo de uniforme preto, cor que simbolizava o fascismo. Os jogadores foram vaiados durante os 90 minutos, mas venceram com facilidade o time da casa. O confronto seguinte foi o primeiro Brasil e Itália da história das Copas.


A seleção brasileira entrou em campo cheia de otimismo, mas desfalcada do artilheiro Leônidas. Aos dez do segundo tempo, Gino Colaussi abriu o placar para os italianos. Cinco minutos depois, Domingos da Guia cometeu pênalti em Piola que Meazza converteu. Romeu ainda descontou para o Brasil no final do jogo, mas a seleção teria que se contentar com o terceiro lugar, conquistado na vitória contra a Suécia, por 4 a 2.


Bicampeões


Na decisão, a adversária da Itália foi a Hungria, que tinha o melhor ataque da Copa com 15 gols. Haviam chegado à final depois da vitória sobre a Suíça, nas quartas, e da goleada de 5 a 1 sobre a Suécia, na semifinal.


Mas, o time mais ofensivo do campeonato não teve chances contra a Azzurra do meia Meazza, que serviu Piola e Colaussi para três gols, fechando a goleada em 4 a 2. Ante um público de 45 mil torcedores, no Olympique de Colombe, a Itália é a primeira seleção a conquistar pela segunda vez a Taça do Mundo.


Campeão: Itália






Vice: Hungria


3º lugar: Brasil


4º lugar: Suécia


Artilheiro: Leônidas da Silva (BRA) Seleções: 15


Abertura: 4 de Junho de 1938


Encerramento: 19 de Junho de 1938


Jogos: 18


Gols: 84 (média de 4,7 por jogo)


Público: 376.000 (média de 20.888 por jogo)


Brasil 1950


Maracanazo




A primeira Copa disputada no Brasil tem um desfecho trágico para o público local. Um empate no último jogo garantia o título aos brasileiros, mas a seleção perde do Uruguai de virada e frustra os 200 mil torcedores que lotavam o Maracanã. A derrota ganhou o apelido de Maracanazo, e durante muitos anos assombrou a memória dos brasileiros.

A primeira Copa do pós-Guerra


A Copa de 50 foi um marco. Cinco anos após o término da Segunda Guerra (1939-45) e doze anos após sua última edição, o principal torneio do futebol mundial voltava a ser disputado. Os países europeus haviam sido arrasados pelo conflito e não tinham condições de sediar o evento. Assim, no congresso de Luxemburgo de 1946, a FIFA escolheu o Brasil como anfitrião da primeira Copa do pós-Guerra.


Para os organizadores e para a torcida brasileira, sediar o Mundial significava a certeza do título. O símbolo desse entusiasmo é o estádio do Maracanã, então o maior do mundo, erguido no Rio de Janeiro especialmente para a Copa.


Em campo, a seleção brasileira confirmava as expectativas. Goleou adversários difíceis, teve o melhor ataque da competição e chegou ao último jogo, contra o Uruguai, precisando apenas do empate para conquistar o título.


Mas, o que parecia impossível aconteceu. Diante de 200 mil torcedores (177 mil oficialmente) que se espremiam no Maracanã, o Brasil cedeu a virada para o Uruguai e perdeu a Copa do Mundo por um gol de diferença.


Vexame inglês


Os prejuízos da Segunda Guerra e a distância entre Europa e América do Sul esvaziaram a Copa brasileira. Pesos-pesados como Alemanha, Áustria, Hungria, Tchecoslováquia e Argentina ficaram de fora. Escócia, Índia e Turquia, classificadas nas eliminatórias, desistiram da disputa.


A ausência dessas três seleções desequilibrou a fase de grupos. As Chaves A e B tiveram quatro equipes, a Chave C três, e a Chave D apenas duas ? Uruguai e Bolívia. Os vencedores de cada grupo passavam para o quadrangular final, do qual sairia campeã a equipe que fizesse o maior número de pontos. Como era esperado, o Uruguai atropelou a seleção boliviana (8 a 0) e chegou às finais jogando uma única partida.


A Inglaterra, inventora do futebol moderno, finalmente abandonou o isolamento internacional e participou de sua primeira Copa do Mundo. Chegou ao Brasil como favorita, mas voltou para casa humilhada após derrota de 1 a 0 para os EUA. A Itália, campeã de 1938, também voltou para casa mais cedo ao perder da Suécia por 3 a 2.


O Brasil estreou com uma goleada de 4 a 0 sobre o México, no Maracanã. Apesar do empate sem gols contra a Suíça, no Pacaembu, a seleção venceu a Iugoslávia por 2 a 0 e se classificou para as finais. Além de Uruguai e Brasil, Suécia e Espanha passaram à fase decisiva.


Maracanazo


O Brasil começou o quadrangular arrasando as seleções europeias: 7 a 1 contra a Suécia e 6 a 1 contra a Espanha. O último jogo seria contra o Uruguai, que havia empatado com os espanhóis e vencido os suecos no sufoco. Com um ponto a mais na tabela, o empate garantia o título à seleção brasileira.


O jogo foi marcado para o dia 16 de Junho, no Maracanã, onde 200 mil torcedores comemoravam antecipadamente o sonhado título mundial. Depois de um primeiro tempo retrancado, Friaça abriu o placar para o Brasil no começo da segunda etapa, confirmando todas as expectativas.


Depois disso a seleção esfriou, os uruguaios cresceram em campo e duas arrancadas de Ghiggia pela direita silenciaram a multidão de torcedores. Na primeira, o ponta venceu o marcador Bigode e cruzou para o arremate de Schiaffino, que empatou a partida. Faltando onze minutos para o final, Ghiggia repetiu a jogada, mas em vez de cruzar para a área enganou o goleiro Barbosa e chutou rente à trave, virando o placar.


Com o apito final, o clima de tragédia tomou conta do Maracanã. Atônitos, os dirigentes brasileiros se esqueceram de entregar a taça aos vencedores e abandonaram Jules Rimet no gramado. Sozinho, o presidente da FIFA colocou o troféu nas mãos do capitão uruguaio Obdulio Varela, oficializando o bicampeonato da Azul Celeste. A derrota brasileira foi tão marcante que ganhou o apelido de Maracanazo dos rivais sul-americanos.


Campeão: Uruguai


Vice: Brasil


3º lugar: Suécia


4º lugar: Espanha


Artilheiro: Ademir (BRA) Seleções: 13


Abertura: 24 de Junho de 1950


Encerramento: 16 de julho de 1950


Jogos: 22


Gols: 88 (média de 4,0 por jogo)


Público: 1.043.500 (média de 47.431 por jogo)


Suíça 1954





O milagre de Berna


Contrariando todas as previsões, a Alemanha Ocidental derrota a Hungria e conquista o Mundial que teve a maior média de gols da história. A vitória ficou conhecida como o Milagre de Berna, já que ninguém acreditava no fracasso dos húngaros, invictos há 31 jogos. O Brasil, traumatizado com a derrota de 1950, protagoniza uma pancadaria histórica e é eliminado nas quartas-de-final.


Copa da surpresa e da bola na rede


Como a Copa de 50, o Mundial de 54 teve um desenlace surpreendente. Naquela ocasião, o Brasil tinha o melhor elenco e fez a melhor campanha, mas perdeu o título para o Uruguai em pleno Maracanã. No torneio suíço a grande favorita era a Hungria, seleção que mais se aproximou do ?futebol arte? no começo dos anos 50, mas que acabou derrotada pela disciplina e pela força do futebol alemão na final.


O resultado ficou conhecido como o Milagre de Berna e até hoje é considerado uma das maiores injustiças do futebol. A seleção húngara, campeã olímpica de 52 e invicta há 31 jogos, seria desmembrada dois anos depois como consequência da invasão soviética conhecida como Primavera de Praga, e jamais ganharia o título mundial.


Mas se por um lado a Copa teve uma das decisões mais injustas da história, por outro bateu recordes de bola na rede. Nas suas 26 partidas foram marcados 140 gols, média impressionante de 5,4 por jogo.


A Copa também marcou a volta do futebol mundial à Europa depois de 16 anos. A escolha da Suíça foi antes de tudo política. O país havia se beneficiado da sua neutralidade durante a Segunda Guerra e manteve sua infraestrututa intacta. Além disso, sua capital Zurique era a sede da FIFA, e a entidade comemorava o cinquentenário da sua fundação em 1954.


Pancadaria mancha seleção brasileira


Depois do Maracanazzo, a palavra de ordem na seleção brasileira era renovação. A nova comissão substituiu jogadores, técnico e aposentou o uniforme branco usado na decisão de 50. A estratégia funcionou até as quartas-de-final, quando o Brasil foi eliminado pela Hungria por 4 a 2.


Neste jogo, as equipes protagonizaram o pior episódio do torneio. Com a bola rolando, predominou a violência dos jogadores brasileiros e os revides do adversário. Depois da partida, uma pancadaria envolveu jogadores, dirigentes e jornalistas. O jogo passou para a história como a Batalha de Berna, e contribuiu para manchar a imagem do Brasil na Europa.


Após a pancadaria, a Hungria venceu o Uruguai por 4 a 2, na semifinal. O bicampeão (1930-1950) havia passado pelos ingleses, nas quartas, mas amargava pelas mãos dos húngaros sua primeira derrota em Mundiais.


O caminho da Alemanha à decisão foi mais tranquilo. A seleção de Sepp Herberger derrotou a Iugoslávia, nas quartas, e goleou a Áustria por 6 a 1 na semifinal.


Milagre alemão


A Hungria chegou à decisão transbordando favoritismo. Além das goleadas em Brasil e Uruguai, havia massacrado a própria Alemanha Ocidental na fase de grupos pelo placar de 8 a 3.


Neste jogo, o principal craque húngaro, o atacante Puskas, levou uma pancada que o afastou da competição. Ele voltou a campo na final, contra os próprios alemães, jogando sob o efeito de sedativos. Mesmo assim, foi ele quem abriu o placar logo aos seis minutos de jogo ao aproveitar uma falha da defesa alemã. Três minutos depois Czibor ampliou a vantagem.


Os 60 mil torcedores no Wankdorf Stadion assistiam ao óbvio, mas aos 18 minutos a Alemanha Ocidental igualou o marcador. A partir daí, o jogo teve poucos lances de perigo. Mas, aos 39 do segundo tempo Rahn aproveitou rebote da zaga húngara e acertou o canto direito de Grosics. Com o placar de 3 a 1, a Alemanha Ocidental conquistou sua primeira Copa do Mundo.


Campeão: Alemanha


Vice: Hungria


3º lugar: Áustria


4º lugar: Uruguai


Artilheiro: Sandor Kocsis (HUN) Seleções: 16


Abertura: 16 de Junho de 1954


Encerramento: 4 de Julho de 1954


Jogos: 26


Gols: 140 (média de 5,4 por jogo)


Público: 889.500 (média de 34.211 por jogo)


Suécia 1958


O Brasil sentiria o gosto de erguer a taça pela primeira vez em 1958, na copa disputada na Suécia. Neste ano, apareceu para o mundo, jogando pela seleção brasileira, aquele que seria considerado o melhor jogador de futebol de todos os tempos: Edson Arantes do Nascimento, o Pelé.




Campeão: Brasil

Vice: Suécia

3º lugar: França


4º lugar: Alemanha Ocidental


Artilheiro: Just Fontaine (FRA) Seleções: 16


Abertura: 8 de Junho


Encerramento: 29 de Junho


Jogos: 35


Gols: 126 (média de 3,6 por jogo)


Público: 919.580 (média de 26.273 por jogo)


Chile 1962




A vez de Garrincha


Com a mesma base de 1958, a seleção brasileira bate a Tchecoslováquia e conquista um merecido bicampeonato. Contundido, Pelé ficou fora do mundial, mas Garrincha supriu a ausência do rei e liderou a seleção rumo ao título. A Copa do Chile marcou o início de um futebol mais duro e vários de seus jogos descambaram para a violência.






     Seleção do Brasil de 1962

Campeão: Brasil

Vice: Tchecoslováquia


3º lugar: Chile


4º lugar: Iugoslávia


Artilheiros: Florian Albert (HUN), Valentin Ivanov (URSS), Drazen Jerkovic (IUG), Leonel Sanchez (CHI), Vavá (BRA), Garrincha (BRA) Seleções: 16


Abertura: 30 de maio


Encerramento: 17 de Junho


Jogos: 32


Gols: 89 (média de 2,8 por jogo)


Público: 899.074 (média de 28.096 por jogo)


Inglaterra 1966




Vitória suspeita

Com gol duvidoso de Geoff Hurst, a Inglaterra vence os alemães na prorrogação e conquista seu primeiro e único Mundial, mas o triunfo fica manchado por suspeitas de favorecimento da arbitragem. Os bicampeões Brasil e Itália são eliminados na fase de grupos, enquanto Portugal, do artilheiro Eusébio, mostra um futebol ofensivo e recebe os aplausos da crítica internacional.


Campeão: Inglaterra


Vice: Alemanha Ocidental


3º lugar: Portugal


4º lugar: União Soviética


Artilheiro: Eusébio (POR) Seleções: 16


Abertura: 11 de julho


Encerramento: 30 de julho


Jogos: 32


Gols: 89 (média de 2,8 por jogo)


Público: 1.635.000 (média de 51.093 por jogo)




México 1970


A Constelação do tri


Rivelino, Tostão, Gérson, Carlos Alberto e Jairzinho, craques da seleção brasileira liderados por Pelé, esbanjam talento no México e fazem do Brasil o primeiro tricampeão mundial. Mas o futebol consagrado em campo levou um duro golpe em casa, onde viu sua conquista ser usada como propaganda política do regime militar.





Campeão: Brasil

Vice: Itália


3º lugar: Alemanha Ocidental


4º lugar: Uruguai


Artilheiro: Gerd Mueller (ALE) Seleções: 16


Abertura: 31 de maio


Encerramento: 21 de junho


Jogos: 32


Gols: 95 (média de 3,0 por jogo)


Público: 1.603.975 (média de 50.124 por jogo)


Alemanha 1974
Alemanha, mais uma vez


A Alemanha Ocidental repete o feito de 1954 (quando bateu a Hungria) e arranca o título da Holanda, favorita disparada na opinião de torcedores e analistas. Com seu inovador "futebol total", o time de Johan Cruyff derrota o Brasil tricampeão na semifinal, mas não consegue superar a força e a disciplina tática do time de Franz Beckenbauer e Gerd Müller.


Campeão: Alemanha


Vice: Holanda


3º lugar: Polônia


4º lugar: Brasil


Artilheiro: Grzegorz Lato (POL) Seleções: 16


Abertura: 13 de junho


Encerramento: 7 de julho


Jogos: 38


Gols: 97 (média de 2,6 por jogo)


Público: 1.768.152 (média de 46.530 por jogo)


Argentina 1978


Vitória sem brilho




A Argentina conquista seu primeiro Mundial em um torneio repleto de controvérsias dentro e fora dos gramados. Como o fascismo italiano em 1934, a ditadura argentina transforma o torneio em propaganda do regime, o que gera protestos em vários países. Desfalcada de Johan Cruyff, que se recusou a participar, a "Laranja Mecânica" perde a segunda final consecutiva.


Campeão: Argentina


Vice: Holanda


3º lugar: Brasil


4º lugar: Itália


Artilheiro: Mario Kempes (ARG) Seleções: 16


Abertura: 1 de junho


Encerramento: 25 de junho


Jogos: 38


Gols: 102 (média de 2,7 por jogo)


Público: 1.546.151 (média de 40.688 por jogo)


Espanha 1982




Tri da Itália


Com os 3x1 sobre a Alemanha Ocidental, a Itália do artilheiro Paolo Rossi quebra um jejum de 48 anos e conquista o tricampeonato. Numa Copa ampliada de 16 para 24 times, as seleções de maior destaque não participam da final: a França (de Michel Platini) chega em 3º. E o Brasil (de Zico, Sócrates e Falcão) é eliminado pela campeã em jogo épico da segunda fase


Campeão: Itália






Vice: Alemanha Ocidental


3º lugar: Polônia


4º lugar: França


Artilheiro: Paolo Rossi (ITA)


Melhor Jogador FIFA: Paolo Rossi (ITA)


Prêmio Fair Play FIFA: Brasil Seleções: 24


Abertura: 13 de junho


Encerramento: 11 de julho


Jogos: 52


Gols: 146 (média de 2,8 por jogo)


Público: 2.109.723 (média de 40.571 por jogo)


México 1986
Maradona domina




Com jogadas geniais e dois gols antológicos contra a Inglaterra (um deles com ajuda da controversa "mão de Deus"), Maradona lidera a Argentina rumo ao bi Mundial e se consagra o maior jogador dos anos 80. Nas quartas-de-final, a favorita França elimina a seleção brasileira nos pênaltis, mas novamente é barrada na semifinal pela Alemanha.


Campeão: Argentina






Vice: Alemanha Ocidental


3º lugar: França


4º lugar: Bélgica


Artilheiro: Gary Lineker (ING)


Melhor Jogador FIFA: Diego Maradona (ARG)


Prêmio Fair Play FIFA: Brasil Seleções: 24


Abertura: 31 de maio


Encerramento: 29 de junho


Jogos: 52


Gols: 132 (média de 2,5 por jogo)


Público: 2.393.331 (média de 46.025 por jogo)


Itália 1990


Alemanha dá o troco


Um ano após a queda do muro de Berlim, a Alemanha dá o troco na Argentina e conquista o tri Mundial. A Copa mais defensiva da história teve como destaques Camarões e Colômbia - que chegaram a ser cotadas para o título - e o alemão Franz Beckenbauer, o segundo, depois de Zagalo, a vencer Copas como jogador (1974) e como técnico.


Campeão: Alemanha


Vice: Argentina


3º lugar: Itália


4º lugar: Inglaterra


Artilheiro: Salvatore Schillaci (ITA)


Melhor Jogador FIFA: Salvatore Schillaci (ITA)


Prêmio Fair Play FIFA: Inglaterra Seleções: 24


Abertura: 8 de junho


Encerramento: 8 de julho


Jogos: 52


Gols: 115 (média de 2,2 por jogo)


Público: 2.516.348 (média de 48.391 por jogo)
 
Estados Unidos 1994


Os baixinhos do tetra


Vinte e quatro anos após a brilhante geração do tri, a seleção dos baixinhos Romário e Bebeto volta a levantar a taça do mundo. Na primeira decisão por pênaltis da história, italianos e brasileiros brigavam pelo tetracampeonato e a cobrança de Roberto Baggio por cima do travessão de Taffarel se transforma no símbolo da conquista brasileira.




                  Seleção do Brasil de 1994
    marcada pelos baixinhos Romário e Bebeto


Campeão: Brasil


Vice: Itália


3º lugar: Suécia


4º lugar: Bulgária


Artilheiro: Oleg Salenko (RUS), Hristo Stoichkov (BUL)


Melhor Jogador FIFA: Romário (BRA)


Prêmio Fair Play FIFA: Brasil Seleções: 24


Abertura: 17 de junho


Encerramento: 17 de julho


Jogos: 52


Gols: 141 (média de 2,7 por jogo)


Público: 3.587.538 (média de 68.991 por jogo)
 
França 1998


A vez da França


A seleção francesa esperou 68 anos para conquistar o torneio idealizado por seu conterrâneo Jules Rimet. Mas valeu a pena. O time de Zidane apresentou o melhor ataque e a melhor defesa da competição e se consagrou com uma goleada final sobre o tetracampeão Brasil cujo maior astro, Ronaldo, sofreu uma convulsão enigmática horas antes do jogo.
Campeão: França


Vice: Brasil


3º lugar: Croácia


4º lugar: Holanda


Artilheiro: Davor Suker (CRO)


Melhor Jogador FIFA: Ronaldo (BRA)


Prêmio Fair Play FIFA: Inglaterra, França Seleções: 32


Abertura: 10 de junho


Encerramento: 12 de julho


Jogos: 64


Gols: 171 (média de 2,7 por jogo)


Público: 2.785.100 (média de 43.517 por jogo)
 
Japão 2002
A redenção de Ronaldo

Ronaldo exorciza os fantasmas de 1998, marca dois na final contra a Alemanha e garante o penta para o Brasil. Foi a consagração de uma equipe que chegou desacreditada ao primeiro Mundial realizado na Ásia, mas que venceu todos os seus jogos e marcou 18 gols o melhor ataque de um torneio em que Coréia do Sul e Turquia, duas zebras, alcançaram as semifinais.

    Seleção do Brasil de 2002


           Ronaldo brilhou nesta copa fazendo dois gols na final


Campeão: Brasil


Vice: Alemanha


3º lugar: Turquia


4º lugar: Coréia do Sul


Artilheiro: Ronaldo (BRA)


Melhor Jogador FIFA: Oliver Kahn (GER)


Prêmio Fair Play FIFA: Bélgica Seleções: 32


Abertura: 31 de maio


Encerramento: 30 de junho


Jogos: 64


Gols: 161 (média de 2,5 por jogo)


Público: 2.705.197 (média de 42.268 por jogo)
 
 
Alemanha 2006
Tetra da Itália

Com a melhor defesa da história das Copas, a Itália supera o trauma dos pênaltis e conquista o tetra contra a França. Zidane, o herói do título francês de 1998, se aposentou debaixo de vaias ao agredir o zagueiro italiano Materazzi com uma cabeçada violenta, no segundo tempo da prorrogação. O Brasil, com problemas dentro e fora dos gramados, faz feio na competição.


Campeão: Itália


Vice: França


3º lugar: Alemanha


4º lugar: Portugal


Artilheiro: Miroslav Klose (ALE)


Melhor Jogador FIFA: Zinedine Zidane (FRA)


Prêmio Fair Play FIFA: Espanha, Brasil Seleções: 32


Abertura: 9 de junho


Encerramento: 9 de julho


Jogos: 64


Gols: 147 (média de 2,3 por jogo)


Público: 3.359.439 (média de 52.491 por jogo)


África do Sul 2010
Em 2010, pela primeira vez na história, a Copa do Mundo será realizada no continente africano. A África do Sul será a sede do evento.
















Brasil 2014
 
Em 2014, a Copa do Mundo será realizada no Brasil. O evento retornará ao território brasileiro após 64 anos, pois foi em 1950 que ocorreu a última copa no Brasil.